
Esta última etapa fizemo-la acompanhados pelos italianos, o que nos fez abrandar o ritmo habitual já que o Gianluca primeiro (baptizado desta forma para os distinguirmos) estava muito fatigado e indisposto, tendo sido percorrida “piano piano” (lento lento).
Partindo do albergue de Téo, o caminho é feito por entre bosques, sendo a parte mais interessante, a que confina com o Rio Tinto.
Prosseguimos e em determinada altura, face à inexistência de marcações, acabamos por seguir uma seta feita com cascas de eucalipto. Concerteza alguma partida, já que nos encaminhava no sentido oposto ao pretendido, tendo-nos valido a ajuda de um idoso que nos fez corrigir o rumo.
À passagem de uma ponte que atravessa a autopista, vislumbramos ao longe, por entre a névoa, as torres da Catedral, embora distássemos cerca de 5 kms de Santiago.
Lá fomos tentando algumas fotos, mas o resultado não foi o melhor.
A entrada na cidade é o derradeiro teste às forças do peregrino dado que é necessário vencer uma árdua e prolongada subida.
Entretanto penetramos na apertada malha labiríntica medieval, começando a ver-se em alguns pontos as cúpulas da Catedral, que ora aparecem ora se escondem.
Como previsto, chegamos bastante cedo, o que nos permitiu ir primeiro à oficina do Peregrino, carimbar as credenciar e obter a desejada Compostela. Ainda fomos a tempo de facultar os nossos nomes e origens para serem pronunciados durante a eucaristia celebrada em homenagem aos peregrinos.
De seguida dirigimo-nos para a Praça do Obradoiro, onde pisamos a pedra que simboliza o fim da peregrinação e entramos na catedral pelo Pórtico da Glória, local por onde devem entrar os pergrinos que concluem o Caminho Português.
O que se passou a partir daqui é muito intimo e pessoal e não é fácil transcrevê-lo para um texto, não por escassez de palavras, mas porque as emoções transcendem o nosso vocabulário.
É impressionante a diferença de sentimentos entre uma visita turística, como já havíamos feito e a conclusão de uma longa caminhada, com chuva, sol, muito frio e muito calor, dores, sede, bolhas nos pés e muitos quilómetros percorridos, o que de facto nos purifica a alma e aumenta a nossa capacidade de captação de energias.
Em resumo, a entrada na Catedral permitiu-nos sentir toda a energia que emana deste local, carregada por infinitos peregrinos durante séculos, com um forte e agradável arrepio que nos percorria todo o corpo…
É indescritível e tem mesmo que ser vivido na primeira pessoa.
Foi muito importante para nós o abraço ao Apóstolo e a visita ao seu túmulo, mas o mais importante foi de facto reconhecermos que ao longo da nossa vida, tal como nesta caminhada, carregamos muitas coisas que não são necessárias e das quais normalmente não prescindimos. Podemos de facto tornar as nossas vidas muito mais fáceis…
Após a missa do peregrino, ao que se seguiu o almoço, dirigimo-nos para o Seminário Menor, situado no alta de uma colina, com uma vista fantástica sobre o centro histórico de Santiago de Compostela.
Suseya!